terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Chico

Um fazendeiro estava querendo aumentar a sua criação e foi à cidade comprar um bom galo reprodutor. Foi até a loja de animais e explicou ao vendedor o que estava procurando.
- Eu tenho aqui o que o senhor está querendo - disse o vendedor. - Nós o chamamos de Chico.
E mostrou um belo e vistoso exemplar de pura raça. O fazendeiro comprou o animal e levou-o para a fazenda. Antes de colocá-lo no galinheiro, o fazendeiro deu-lhe uma explicação do que esperava dele. Falou das galinhas, da necessidade de aumentar a criação com uma nova geração de pintos etc. e tal. E finalizou:
- Eu conto com você, Chico.
Chico não falou nada e assim que entrou no galinheiro foi fazendo o que devia fazer. E era de uma eficácia surpreendente. Em pouco tempo já havia dado conta do galinheiro todo. Ainda havia muitas penas no ar quando Chico saiu do galinheiro e foi até a estrebaria. Lá ele traçou todas as éguas. Depois foi até o chiqueiro. Não deixou porca sobre porca - traçou todas.
- Pare, Chico! Pare, Chico! - gritava o fazendeiro - Assim você morre de fraqueza.
Mas de nada adiantou o apelo, pois o Chico continuou percorrendo a fazenda e nenhum animal ficava livre de sua ação varonil (epa!). Até que escureceu e o galo recolheu-se para dormir. O fazendeiro também foi dormir muito satisfeito com a aquisição, mas também preocupado com a saúde do galo, afinal de contas o animal havia despendido muita energia.
No dia seguinte, o fazendeiro se acordou bem cedinho e foi procurar o galo. Tomou o maior susto quando viu o galo deitado de costas lá no meio do cercado. Estava com as asas abertas, as pernas para cima, com a língua de fora e os olhos revirados. Parecia não respirar. Lá no alto já voava em círculos um sinistro urubu. Chegou perto do galo e falou achando que o Chico estava morto:
- Oh, pobrezinho. Eu bem que lhe avisei pra ir devagar. Você acabou se matando.


- Shhhhh! - cochichou o galo - Desafasta. Vai. Desafasta que aquela pretinha ali já tá bem pertinho.

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